segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

19º Dia (26 de Junho 2010)

Hoje surgiu a possibilidade de ir com os ornitólogos e observar o estudo que eles estão a fazer com as Cagarras. A Ana, o Hany, o Paulo e o João participam também nesta missão com o intuito de obter informações acerca das Cagarras.

Como já não é o primeiro dia que estão a fazer este trabalho, hoje já só vão recolher o resto das informações que faltam, ou melhor, vão recolher as mesmas informações mas de aves que ainda não tinham apanhado, numa primeira vez apanharam alguns animais e marcaram-nos com uma tinta (azul ou vermelha). Dirigimo-nos até ao cimo da ilha e lá fomos para o muro 3 (existem na ilha vários locais, muros, feitos pelo homem que são os locais ideais para as Cagaras nidificarem).

Um dos muros,existentes na Ilha, onde se encontram os ninhos da Cagarras.
Em cada ninho é retirada a Cagarra e observada a sua anilha, verifica-se assim se já foi recolhida a informação da mesma.


Cagarra enquanto é lida a informação da anilha.
Para além da informação da anilha corta-se, uma parte de uma pena para serem efectuadas análises aos isótopos estáveis de carbono e e azoto. Assim obtém-se informação sobre o local onde aquela ave esteve durante o Inverno e o tipo de alimento que obtêm. A pena que se corta é uma pena especifica que não cresce no Verão, só no Inverno, o que permite obter a informação que é necessária. Uma curiosidade das Cagarras é que todos os anos elas mudam todas as suas penas.
Existem algumas cagrras que são seguidas por aparelhos, mas para um grande estudo (300 aves) a melhor forma de obter a informação é esta.
É possível distinguir se a Cagarra é macho ou fêmea através do seu canto. O do macho é mais rouco.
Cagarra no ninho, com o ovo visível.
As Cagarras têm um período de incubação de cerca de 54 dias, só põem um ovo e chocam-no alternadamente, sendo que o macho faz o primeiro grande período de incubação. Mais ou menos uma vez por semana mudam a sua permanência no ninho. Durante o tempo que estão no ninho não saem para se alimentar.
Como estão mais ou menos em sintonia a mudança de ninho ocorre para a maioria das cagarras ao mesmo tempo isto é no mesmo dia/anoitecer tornando a permanência junto da Ilha ou na própria Ilha quase ensurdecedora com o seu ruído. http://www.facebook.com/video/video.php?v=1504349845246 Este pequeno vídeo, partilhado pela Mónica, dá uma ideia do som das Cagarras.


Mas provocando um efeito visual espectacular.

Com os últimos raios de sol, aparecem as Cagarras.
"Invasão" do céu pelas Cagarras
Durante o tempo que estão ausentes do ninho as cagarras dirigem para a costa de África onde se vão alimentar para depois aguentarem todos aqueles dias no ninho sem se alimentarem.
As crias levam cerca de 4 meses a sair do ninho. Após esse período de tempo elas vão embora independentemente da presença ou não dos adultos, que lhes dão menos alimento no final.

Quando saíem do ninho iniciam uma migração para o Sul e só voltam a terra passado três anos, vão voltando a terra por curtos períodos de tempo e só começam a nidificar em média aos 9 anos de idade.
Podem viver até aos 40 anos, normalmente as que se encontram nesta ilha têm entre 15 a 20 anos, no entanto já foram encontradas nesta ilha Cagarras com anilha de 1979 e 1980.

Para a nidificação utilizam quase sempre o mesmo ninho e o mesmo parceiro. Se por algum acaso durante a incubação o parceiro não voltar do seu período de alimentação a Cagarra que está no ninho abandona o ovo para se ir alimentar… infelizmente encontramos alguns ovos abandonados.
Estas Cagarras estão habituadas a ver os seres humano e não ficam assustadas com a nossa presença. No entanto as Cagarras que vimos na gruta (ontem) como estão mais isoladas tiveram um comportamento completamente diferente e reagiram muito mal à nossa presença tendo até tentado morder-nos.
Cagarra junto à entrada da gruta, visitada ontem.
Foto de João Rego
Após o regresso do trabalho com o pessoal das Cagarras que foram também trocar uma bateria pois está-se a tentar atrair para a ilha os Painhos ou Almas Negras para que façam cá a sua nidificação e por isso têm uma gravação com sons do mesmo, almoçamos na ilha, desta vez foi o pessoal de terra que ofereceu o almoço.

Regressamos à Vera cruz e vimos o mini rov  (ROVinho)a funcionar, foi muito giro, foi possível ver o fundo do mar por debaixo da caravela, bem como as diferentes espécies de peixes que por lá se encontravam:
- peixe porco (que comeu um pedaço de carne – cozinhado, que prendemos ao ROVinho)
- Castanhetas

- Caboz
A ver as imagens transmitidas pelo ROVinho

O ROVinho a ser preparado para levar um isco.

O peixe Porco a comer o isco.
 Amanhã vou finalmente ao Creoula espero poder ver toda a interacção/ trabalho que é feito após a chegada dos mergulhadores.

Sem comentários:

Enviar um comentário