segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

16º Dia (23 de Junho 2010)

Fomos de novo para a Ilha. 
Eu, o Hélder, os alunos e os jovens tripulantes fomos, após termos falado com os cientistas, fazer a recolha de peixes nas poças de água. 


A recolher as amostras.
Ainda foi possível fazer apanhar uns belos exemplares.
Resultado da "colheita".
Foto de Farah Alimagham
E aprendemos a diferença entre os Blénios e os Góbios (caboz mais comum).
Blénios - barbatana dorsal simples, sem escamas.
Bem visível a barbatana dorsal simples.
Foto de Farah Alimagham
Góbios - barbatana dorsal dupla, barbatana pélvica unida tipo ventosa pois são um peixe de fundo, com escamas.
Barbatana pélvica unida.
Foto de Farah Alimagham
Barbatana dorsal dupla
Foto de Farah Alimagham
 Aprendemos também a distinguir os caranguejos machos das fêmeas, os machos têm o desenho ventral em forma de triângulo e as fêmeas numa forma mais arredondada, os que estão representados na foto seguinte são de espécies diferentes. 


Caranguejos macho (esquerda) e fêmea (direita).
Foto de Farah Alimagham
Eu aproveitei também para fotografar mais umas estruturas geológicas.
Depois de almoço fomos para o navio Almirante Gago Coutinho para assistir ao mergulho do Rov eu e a Catarina, foi fantástico.Tivemos de levar o saco cama pois o mergulho do ROV deverá acabar de noite e depois tem de se analisar tudo o que ele recolhe e só depois, se houver tempo, é que vamos dormir.


Chegamos ao Almirante Gago Coutinho transportadas pelo semi-rígido conduzido pelo Chefe de Missão Professor Pinto de Abreu (fizemos um desvio e fomos ao Creoula para ir buscar o Comandante do mesmo).
Quando chegamos ao Gago estavam em limpeza, por causa das individualidades que vêm amanhã, e nós apanhamos uma verdadeira molha com água da limpeza que escorria mesmo no local onde a embarcação Selvagem nos deveria deixar.
Tivemos algumas horas de espera enquanto as pessoas da plataforma colocaram o Rov em posição e condições de mergulhar.
Por volta das 17 horas o Rov começou o funcionamento para entrar dentro de água.
Às 18.34 estávamos na sala a observar a televisão em alta definição para vermos as imagens do Rov, isto é as imagens captadas pelo Rov.

O mergulho foi feito nas coordenadas GPS: 3006.25 33N
                                                                       01555.01 W
Com uma profundidade inicial de 700.39 m
Durante a descida e à medida que a luz ia desaparecendo vimos vários crustáceos e pequenos peixes vimos também pequenos hidrários .
No inicio do mergulho (depois de já estar no fundo) vimos uma esponja que o Rov mediu com o seu feixe de lasers, tinha cerca de 60 cm de diâmetro, era muito grande para o Rov.

Esponja.
Só quando assistimos de facto a um acontecimento destes é que temos a noção de determinadas coisas como por exemplo o   tamanho dos objectos, isto é, no fundo do mar não temos termo de comparação e por isso é difícil ter noção de algo tão simples como uma esponja daí ser fundamental poder-se fazer a medição de um determinado objecto para ter uma noção do seu tamanho.
Entanto tentou-se apanhar um camarão que fazia da esponja a sua casa, mas ele foi mais rápido que o braço sugador do Rov.


Camarão. Na imagem vê-se a profundidade.
 De seguida encontramos esponjas Chupa-chupa com uma espectacular com azul.
Esponjas Chupa-chupa. Visível na imagem o braço sugador do Rov.
O Rov a recolher um esponja com o braço mecânico.
Visível na imagem um dos contentores para armazenar as colheitas.
O mergulho continuou e o ROV moveu-se ou melhor os técnicos que o movimentam disseram que o Rov estava em voo. Chegamos a uma zona que tinha aquilo a que foi chamado crostas ferromanganesiferas!

Crostas ferromanganesiferas.
Durante a continuação da deslocação do Rov observamos uns montículos de areia, foi-me dito que seriam bolinha de regurgitação (organismos que vivem de baixo da areia, que retiram a matéria orgânica e libertam a areia já sem a matéria orgânica e fazem esta estrutura - já tinha visto algo resultante do mesmo processo mas em estruturas fósseis, nunca "ao vivo".
Antes das crostas ferromanganesiferas nós fomos jantar à messe dos oficiais, sentamo-nos na mesa e fomos servidos pelos marinheiros de serviço, comemos uma sopa de legumes e como segundo prato esparguete, carne (dois bifes), ovo estrelado e batata frita.
Tivemos direito a água (quanta quiséssemos), fruta e café.
O comandante do Navio, Bessa Pacheco, também estava a Jantar, eu e a Catarina ficamos sentadas na mesa da jornalista da SIC.
Após o jantar voltamos para a sala de observação do ROV e continuamos com a recolha de imagens e vídeos.
Apareceu na imagem um lindo peixe.
O peixe, Cytopsis rosea,  ficou durante algum tempo a "inspeccionar" o Rov. 




Já no final do mergulho vimos tunicado do género Pirossoma e crinóides.
 
Crinoides.
Também foi feita uma recolha de material neste local. 


Claro que não posso deixar de referir o que aconteceu depois. Durante a subida do Rov para a superfície aconteceu qualquer coisa (o que foi, não sei) ao umbilical (cabo que prende o Rov ao Navio e por onde passa toda a fibra óptica que transmite as imagens e as ordens que se dão ao Rov). 
O Rov acabou por ficar no fundo do mar ao largo das ilhas Selvagens. Bom foi uma situação que gostava de não ter presenciado, o olhar de consternação de toda a gente que estava lá, o olhar incrédulo de alguns, mas felizmente há sempre pessoas positivas nestas situações e o professor Biscoito acabou por nos tranquilizar, a todos. sobre o estado em que o Rov teria ficado.


Como já não iria existir o trabalho no Navio de análise do material recolhido no fundo do mar, fomos recambiados para as embarcações de origem. Quem era do Creoula foi para o Creoula e quem era da Caravela foi para a Caravela, mais uma vez fomos no semi-rígido, mas desta vez já era bem de noite e muito escuro, foi um passeio diferente. Se não fosse a preocupação pelo Rov.

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